sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Mutirão de limpeza retira lixo marinho da praia do Marujá

Por: É Coletivo
Já é fato conhecido na região que uma grande quantidade de resíduos sólidos sintéticos (composta por plástico, em sua maioria,) é trazida pelo mar às praias, ao manguezal, à restinga e aos costões rochosos da Ilha do Cardoso, localizada no Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC), São Paulo. Para os moradores da Vila do Marujá, mais do que um fato conhecido, o lixo marinho é visto como incômodo, contaminação e poluição que pode causar prejuízo e doenças à comunidade.
Na manhã do sábado dia 21 de julho – aniversário de 50 anos da fundação do Parque Estadual da Ilha do Cardoso –, a Associação de Moradores do Marujá (AMOMAR) mobilizou os moradores da vila para a retirada da sujeira de uma faixa de aproximadamente cinco quilômetros de praia. Moradores da Vila do Ariri, assim como alguns pesquisadores socioambientais da cidade de São Paulo se uniram a eles para retirar cerca de cem sacos de lixo com capacidade duzentos litros cada um.
Os sacos foram retirados da ilha pelo barco do PEIC que os encaminhou para uma empresa de reciclagem. De acordo com Amilton Xavier, presidente da AMOMAR, o mutirão ocorreu novamente após mais de seis meses desde sua última realização.
Dentre os objetos mais encontrados na praia, havia garrafas pet, garrafas de vidro, pedaços de isopor, embalagens de alimentos, embalagens de materiais de limpeza, galões de combustíveis de embarcações marítimas e calçados proveniente de diversos países, incluindo Singapura, Taiwan e Rússia. Resíduos perigosos, como embalagens de agrotóxicos e restos de apetrechos de pesca, também foram achados durante a ação coletiva. Os moradores da vila do Marujá afirmam que os resíduos encontrados nas areias da praia e na primeira faixa de restinga provêm de embarcações nacionais e internacionais, que despejam embalagens de mantimentos em alto mar, por falta de incentivo e fiscalização dos portos de desembarque no Brasil.
Os mutirões organizados pela AMOMAR surgem como resposta para combater os impactos negativos deste lixo internacional sobre a comunidade. Por outro lado, os caiçaras sabem que somente mutirões de limpeza de praia não darão conta de resolver o problema: há que se realizar um trabalho educativo e preventivo que gere consciência nos trabalhadores dos portos pesqueiros e comércios da região de Cananéia, assim como há que se fazer um trabalho de sensibilização nos portos cargueiros da região, como o Porto de Paranaguá, PR. Nas palavras de um morador, “ou a gente faz um trabalho de educação ou a gente vai limpando a praia e o lixo vai voltando sempre”. Neste sentido, os representantes da AMOMAR estão se organizando e se unindo a pesquisadores para a elaboração de um projeto de educação ambiental e de coleta permanente de resíduos.
Para que tal ação de um resultado positivo será preciso contar com o apoio da Prefeitura de Cananéia, da Administração do PEIC, de empresas pesqueiras da região, do comércio local e da administração do Porto de Paranaguá.
Após a realização do mutirão, os caiçaras realizaram um festejo coletivo ao som do Fandango do Grupo Família Neves, regado com muita comida e bebida – conforme reza a tradição cultural – sendo que um grande bolo foi feito para celebrar os 50 anos do estabelecimento do PEIC. E a festa dura até que novos objetos de plástico aportem na praia.

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